sábado, 2 de maio de 2009

Lisbon Sonata

Enquanto sentada a uma das mesas do cabaret olhava embevecida aquele tipo de barba à António Variações e cabelo desleixado, e o via cantar à meia luz naquelas calcinhas justas cor salmão com a viola à tiracolo, pensava para mim (para além do óbvio)...Foda-se, são estas pequenas coisas que dão sentido à vida...É verdade que basta uma ou duas cervejas para que me assalte o lado brejeiro e filósofo, aquele meu lado, que gosto de acreditar charmoso, de intelectual de taberna. E é vulgar que pense que de vez em quando há noites assim, dias destes, parecidos com anúncios da super-bock. Filmados de longe e na melhor perspectiva...os passeios pelas ruas entre as alfândegas e os edificíos cheios de luz. O nosso melhor lado, com os cabelos ao vento e os óculos de sol, em primeiro plano, com os contentores coloridos desfocados em pano de fundo. Os sorrisos de gozo e cumplicidade com música escolhida a dedo e os olhares timidamente sugestivos e em câmara lenta, trocados com gente que nos faz pensar em prédios de tectos altos e moleskines. Dias que acabam em noites de gente boémia e que ocasionalmente lembramos como se de um filme se tratasse. Por vezes há noites assim, dias destes, em que tudo parece ganhar (outro) sentido.

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