segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Fórmula de Sucesso pós-exames

Jovem, se és universitário, estás em época de exames, achas que a tua vida é ridícula e não consegues colher os frutos do teu estudo, mais ou menos, intensivo, este texto é para ti.
Aqui seguem seis incriveis passos que, se não fizerem de ti, estudante universitário frustrado, uma melhor pessoa e um melhor aluno, ao menos ajudar-te-ão a lidar com o fracasso.

A situação é esta, acabaste de fazer o exame da época de recurso de uma disciplina essencial à finalização do teu curso e correu-te mesmo muito mal:

Lamenta-te o mais que puderes durante cinco minutos, gesticula efusivamente, tapa os olhos com as mãos e finge que estás a chorar, faz uso daqueles nomes feios que aprendeste no primeiro ciclo para descrever os regentes das cadeiras e traça um futuro negro e pessimista envolvendo a tua vida amorosa e a forma como acabarás a viver o resto da tua vida numas águas furtadas na Brandoa com 20 gatos. Já está? Boa, agora chega que ninguém gosta de choramingas queixosos.
Reúne um grupo de amigos a quem o exame tenha corrido tão mal quanto a ti e que, de preferência, tenham tido piores notas que tu no exame da época normal. Ao menos nesse círculo vais sentir-te uma pessoa inteligente.
Sugere irem todos almoçar uma especialidade estrangeira, e escolhe o restaurante mais longe da tua faculdade. Evita ao máximo aqueles lugares frequentados por gente bem sucedida, vulgo sítios circundados por bancos, ateliers e agências de consultadoria. Sugestão: centro comercial nos subúrbios. Entre pessoas com piercings brilhantes debaixo do lábio, meias por cima das calças, e tatuagens tribais, vais chegar à conclusão que tens uma vidinha abençoada, graças a deus.
Enche-te de coragem e determinação e vai a um daqueles restaurantes “coma tudo o que puder por oito euros”. Dobra-te em dois para tentares agarrar o maior número de pratos no tapete rolante, aceita com um sorriso todos os outros que a senhora simpática de olhos em bico te oferecer e come até sentires que bagos de arroz estão prestes a sair-te pelos os olhos, ou começares a pensar que não faltará muito para te acontecer algo semelhante àquele sketch dos Monty Python. Fica no restaurante até desligarem o tapete e só aí, sai.
Sai, mas não vás muito longe. Vai beber um café para ganhares coragem e aprecia a vista. Aí Faz uma bucket list (ver filme com Jack Nicholson e o Morgan Freeman) com planos para as férias que terás em breve se entretanto sobreviveres ao stress de teres dois exames por dia. Faz muitos planos. Quanto mais improváveis melhor: andar de camelo, apanhar um robalo de 15 quilos, dar um mergulho nas águas quentes das Maldivas, etc.
E último ponto. Chega a casa, verifica o e-mail e põe-te a estudar, mais ou menos, intensivamente. Amanhã, depois do exame daquela disciplina difícil para a qual não tiveste tempo para aprofundar conceitos…retoma no 1º ponto.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A Sardinha e o Cherne

Poderão os leitores desprevenidos, pensar que aqui se iniciará uma fábula, daquelas, à la Fonteine, em que a sardinha encontra o cherne, ou o cherne encontra a sardinha, e o cherne e a sardinha certamente ao se encontrarem dirão algo um ao outro, nada estranho numa fábula, com elevada carga moral, mas, meus caros leitores, não é de certo uma fábula de que isto se trata.
Passa-se algo comigo, uma dicotomia engraçada, talvez não tão engraçada como a palavra dicotomia, que pode resumir-se ao facto de os meus dois peixes favoritos serem a sardinha e o cherne.
Os mais perspicazes perceberam já a minha intenção ao revelar tal aspecto da minha personalidade. Os outros, bom os outros com sorte, hão-de lá chegar.
Ora, de um lado temos a sardinha, brejeira, descarada, vadia, bairrista, que fica perfeita em cima de um pão, metáforas à parte. Do outro temos o cherne, elitista, requintado, de aspecto fino e delicado. E ambos não se misturam. A sardinha lá fica no seu bairro, na Madragoa, na festa de verão, e o cherne, esse, por certo não o apanharão numa tasca.
Analisadas bem as coisas, num acto introspecção que me aconselhou Maria Helena Martins na previsão para o mês de Janeiro, posso afirmar, sem dúvida alguma, ou talvez com uma ou duas, que estas minhas preferências, revelam com grande precisão a essência da minha personalidade. Também eu sou brejeira e descarada, e também eu sou, dependendo é claro do dia, requintada! O meu problema é que ao contrário da sardinha e do cherne, as minhas várias características…confundem-se. E então não é raro verem-me comportar como uma sardinha num local em que devia comportar-me como um cherne, e vice-versa.
E, se por um lado acho que faria melhor ao tentar equilibrar estas minhas duas facetas, por outro sinto-me uma espécie de rebelde sem causa, um James Dean no feminino, a mandar às urtigas as convenções sociais.
Para dizer a verdade, só ficarei um dia contente, quando ao jantar num restaurante mais fino, o garçon, elegante no seu pappillon e com o guardanapo no antebraço, me diga, numa voz ponderada, que a especialidade é...sardinha assada, ou quando no verão em plena romaria de noite de santos populares, me tentem vender por um euro e meio uma fatia de pão com cherne.

sábado, 9 de janeiro de 2010

UM ANO

A FAZER

BOLACHAS HÚNGARAS*

*No dia em que um tal de Jimmy Page faz anos, só nos resta dizer-vos...we can´t quit you babes

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Abrázame a ti por Dios



Mesmo quando o tempo passa e eu não dou por isso... mesmo quando não quero e não o sei. mesmo com a vida que levo. até mesmo com a vida que levei. queria ainda que me abraçasses a ti. nem que fosse por Deus. e eu sei que, ás vezes, ainda vais à missa ao domingo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vinte Anos

Hoje é dia quatro de Janeiro. Acordo às 10 da manhã, visto o que tinha planeado, na noite anterior antes de adormecer. O vestido preto que usei quando fiz vinte anos. Se fosse um desenho animado teria mais 10 vestidos iguais, como não sou, tenho só um e uso-o muitas vezes. Mas o dia de hoje não é meu, é de um amigo, meu. Vinte anos tem esse meu amigo. E hoje, dia quatro, faz anos. Vinte. E qualquer coisa… O que interessa é que tem vinte. E que para o ano vai voltar a fazer vinte (e qualquer coisa).

O almoço de comemoração acontece na tasca, a três quarteirões da faculdade, é regado a sangria, servida num jarro bastante sui generis, conversa animada na qual sucedem várias intromissões do empregado de mesa, que se acha, naturalmente, muito espertinho. As revelações mais promíscuas do reveilloin, vêm há baila. Este tema ainda consegue dar pano para mangas. E os pormenores ácidos contrastam com a doçura das vozes que os relatam. Gargalhadas e olhares de espanto são recorrentes.

Numa tasca não há velas nem mariquices que tais, por isso também não se cantam os parabéns. Não vá o diabo tecê-las. Valeram os trinta cêntimos de benesse do garçon, como gesto de pura simpatia pelo amigo aniversariante. Os presentes, esses, vieram mais tarde, já na companhia de uma chávena de chá de maçã-canela e num ambiente menos brejeiro. Mas antes que se fizesse tarde, todos regressam às suas casas, não vá alguém achá-los ridículos!