quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Lisboa

Lá em baixo o reboliço da gente, o som dos passos apressados na calçada. Cá em cima a luz de um Verão intermitente, a doce preguiça, a vontade de não fazer nada.
Peço-te que fiques mais um pouco, que te demores nas cores da paisagem. (Olhas fixamente as casas mas não reparas nos telhados, lá ao fundo vês os prédios altos mas escapam-te as janelas).
Não me interessa o que vês ou não, no que reparas ou no que só finges olhar. Chega-me que o dia passe por nós e ali deixados - fiquemos, perdidos um no outro, com Lisboa como uma desenvergonhada desculpa.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

As nuvens - Berlim


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Tacheles - Berlim




segunda-feira, 20 de junho de 2011

Estendal

Se te peço que não me deixes pendurada não é por não gostar de andar ao sabor do vento. É antes medo de ficar parada, pregada a um imutável momento.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Leve

não se atire do terraço,
não arranque minha cabeça
da sua cortiça
não beba muita cachaça,
não se esqueça depressa de mim, sim?
pense que eu cheguei de leve
machuquei você de leve
e me retirei com pés de lã


Leve - Chico Buarque


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Alentejo em camadas


Os dias começam e acabam enleados uns nos outros. Ninguém desfaz os nós que os unem, nessa imensidão de paisagem. O sol nasce e põe-se atrás dos montes, indiferente ás vacas e ás ovelhas. Diz quem passa que o ar é puro e as vistas frescas, e que o ânimo é leve, sem correrias nem pressas.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Natalie

quarta-feira, 30 de março de 2011

Podia ter sido um dia de sol, mas não foi...


Faço um ponytail bem arrebitado, que balança ao ritmo dos meus passos apressados enquanto desço as escadas e verifico a mala, chaves de casa: check, telemóvel (sem bateria): check, baton do cieiro: check.
Mal alcanço o hall de entrada vejo que lá fora chove, mas é coisa pouca e já vou tarde. Para quê voltar atrás para trazer uma sombrinha enferrujada? Naaa, terceiro andar sem elevador…
Seis ou sete passos na calçada e as pingas de água começam a cair directamente nos meus óculos. Se não vejo sem eles também não vejo nada com as lentes chapinhadas pela chuva, que cada vez teima a cair com mais intensidade do céu cinzento. É como se tivesse vontade própria e me quisesse dizer qualquer coisa como “Então miúda? Não dizias que andar à chuva é fixe?”. A ideia é romântica sim senhor e se reunidos determinados factores até pode ser muito bom, mas na prática quem anda à chuva molha-se e consequentemente sujeita-se a apanhar uma (romântica) constipação. Não foi o caso pois tomo Actimel L-casei imunitass todos os dias. No entanto constatei que apesar de todas as suas propriedades e de nos proteger de sabe lá Deus o quê, a bolha Actimel não é impermeável (como nos fazem a crer no anúncio!).
Quanto ao ponytail, depois de uma bela molha, deixou de ser arrebitado.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quebra-cabeças

Escondo a cara por detrás de um muffin de chocolate para que não me vejas atrapalhada. Por mim, escondia-a atrás de um pastel de nata mas tu gostas de ser boémia e cosmopolita e eu até que nem me importo com isso. Os meus olhos saltam de coisa em coisa, para não pararem em coisa nenhuma. Abano, de quando em vez, as mãos de uma forma que ainda não sei bem especificar porque nunca me tinha apercebido, até me teres dito que o fazia. Ah, estes embaraços patetas, nem parece que nos conhecemos quase como às palmas das mãos. Os sorrisinhos amarelos que escondem pequenas neuroses mais o pestanejar rápido que deixa adivinhar, para quem sabe, que aí vem coisa, coisa para nós muito séria, bomba atómica e dano colateral! Na realidade facto de pequena importância. Engasgo-me nas palavras e deixo no ar as conversas, para que lhes adivinhes o final. Como és humana, e como humana que és também erras, há vezes em que não acertas, e rimo-nos com gargalhadas espalhafatosas em proporção inversa à gravidade do acontecimento. Quem nos oiça falar, quase que em código ,porque a teu ver sujeito algum deve ter a mínima noção da nossa conversa de livro Harlequim, não consegue, nem ao franzir o sobrolho, descodificar uma sequência de ideias lógica. Continuamos nesta dança de palavras, até que tu, não querendo acreditar no que vai na tua cabeça, dizes em voz baixa o que não consegues guardar par ti, e eu, entusiasmada por teres chegado onde queria que chegasses repito o que acabaste de dizer para que toda a gente oiça, deitando por terra toda a manobra de diversão. Não me importo, encolho os ombros e digo “é assim…” ao que tu respondes “não penses mais nisso”, e por fim levantamo-nos e vamos cada uma para seu lado, coleccionar acontecimentos, para que no próximo encontro de mímica, charadas e quebra cabeças seja pelo menos um pouco mais difícil lá chegar.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Instante

Os dias ainda não estavam esta confusão de chuva e vento quando me debrucei da tua varanda para olhar quem passava. O sol brilhava com uma alegria contagiante como se o Inverno nos quisesse mostrar que não sabe só ser cinzento. Na minha cabeça ecoavam ainda o vinho branco e as ideias soltas, sobras de uma noite feita de discussões com aspirações metafísicas. Não me lembro de ter olhado a tua rua e ter visto o homem parado junto do marco do correio, nem tão pouco este último. Não me lembro de ter reparado neste sem fim de carros alinhados, nem nos estacionamentos em segunda fila. Lembro-me apenas de recordar essa noite, do dia antes. De sorrir das nossas tentativas para arranjar uma justificação para tudo aquilo que não tem justificação possível, como fazemos sempre nesses serões feitos das nossas histórias e das dos outros, contadas como os velhos contam as doenças, numa espécie de competição da desgraça. Fico sempre convencida de que não há melhor que a terapia amadora para encher de motivação o espírito mais abatido, porque no meio de todos os nossos dramas de telenovela mexicana há sempre a estória de um amigo de um amigo que, coitado, está muito pior que todos nós juntos. Faz-nos falta a desgraça alheia, como fazem os episódios daquela série dos médicos em que há sempre alguém querido que morre de algo incurável, para nos lembrarmos de dar valor ao que temos e a esta vida, que levamos... Quando me debrucei da tua janela para ver quem passava, não estava este tempo revoltado e irritadiço que incomoda guarda-chuvas floridos e sopra papéis pelo ar, nem tão pouco me sentia assim, tão de acordo com a previsão meteorológica.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011



DOIS ANOS
A FAZER
BOLACHAS HÚNGARAS
Se o Bolachas fosse uma pessoa, de acordo com o seu signo astrológico, seria extremamente prudente e disciplinado, exigente e calculista. Só nos resta agradecer que não o seja porque, muito possivelmente, não ia gostar que nos esquecêssemos do seu aniversário. Assumindo que todos estivemos muito ocupados a fazer coisas extraordinárias como...salvar o mundo, aqui fazemos votos de muitos anos com tudo de bom, saudinha e já agora assuntos menos repetitivos e mais emocionantes para não deixar na nossa imensa legião de seguidores uma leve sensação de deja vu. Um brinde ao Bolachas! E a quem gosta de aqui vir, repor os seus níveis de açúcar.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011