terça-feira, 25 de maio de 2010

Namastê, ó palerma

Quando Raman Khanma me esticou o seu DVD promocional, como forma de agradecimento por ter sido tão simpática e prestável, ainda eu não me esquecera de como, apenas um dia antes, tinhas arruinado esta coisa do...tu e eu. Enquanto acedia gentilmente a tirar uma fotografia com a entusiasta vedeta, dei por mim a imaginar-nos num cenário exótico de canções de amor e danças extravagantes. Bailarinas rodopiavam em segundo plano nas suas vestes de cores garridas e elefantes vagarosos passeavam numa paisagem idílica de vegetação selvagem. Havia grandes números de danças coordenadas ao som de tamburas e oboés e close-ups à minha expressão melancólica e chorosa e ao teu ar sofredor mas decidido.
Tão depressa estávamos num palácio ricamente decorado, comigo a declarar como te achava tanta piada com gestos de cabeça bamboleantes, como no momento seguinte já nos encontrávamos no cimo de uma montanha onde tu, em voz de falsete, me explicavas como a tua família nunca aceitaria que fosses beber uma imperial comigo. Tinhas vestido uma túnica branca e deixado crescer o bigode e eu agradecia a Ganesh por me ter feito tão gira. Que parvoíce! Gritei a certa altura, irritada. E à minha volta ninguém percebeu de onde viera repentina indignação. Abanei a cabeça e pensei para comigo… que se existia alguma semelhança entre esta nossa realidade e um clássico de Bollywood, só a encontrava na escassez de contacto físico.

sábado, 8 de maio de 2010

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Fujo por momentos à responsabilidade de reorganizar o meu espaço e tempo, de voltar à dança sincronizada dos dias e das horas. Entrego-me um pouco mais à preguiça, enquanto faço orelhas moucas ao chamamento aflito e urgente das obrigações. Saem-me caros os momentos em que, num desejo de algo mais, ouso enganar esta minha rotina, de transportes públicos e horas certas para dormir e acordar. Ficam num desalinho o arquivo, numa desordem os apontamentos, desregulado o sono e o trânsito intestinal. Já para não falar das ideias, que a muito custo lá vão largando o braço às oportunidades e voltando ao objectivo concreto do quotidiano. Tudo à minha volta continua em stand by, enquanto me queixo a quem me queira ouvir da quantidade de coisas que tenho para fazer…Mas o pior nem é este caos pouco calmo de pó nos móveis e roupa para lavar, é sim esta relutância, esta preguiça e falta de vontade de me pôr no meu lugar…