Não são meus os meus dias. Delego-os a outrem, passo-os para outras mãos como se de um jogo de batata quente se tratasse. Deixo os meus dias a gente indiferente, a quem por não serem deles os meus dias, não lhes queimam as mãos. Negligentes, lá vão esses a quem entrego os meus dias, organizando hora a hora, minuto a segundo, o tempo que devia ser da minha total responsabilidade. Deixo-os brincar assim, sem vergonha nem preocupação com o meu precioso tempo. Professores de condução encaixam-me entre duas horas apertadas, esquecidas, suadas pela urgência de pontualidade, condutores de transportes públicos gastam-me os minutos, pela falta dela, professores de matérias pesadas que nada me dizem, obrigam-me a que os oiça, por tempos que parecem infinitos. E até tu, irresponsável e inconsequente, brincas com o meu tempo, deixando-me impacientemente à espera. E mesmo repetindo para mim que não há tempo a perder, que o tempo urge, que o tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem, não consigo recuperar o que é meu de direito. Ou talvez nem queira. Afinal, só tu e eu sabemos como às vezes é tão bom, simplesmente...deixar andar.
domingo, 29 de novembro de 2009
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4 comentários:
Não há metáfora suficientemente apurada para explicar a presença do tempo na interminável tarefa de ser gente, nem a do pão e do queijo, nem sequer a da unha e da carne, nenhuma.
O mais engraçado é que, ainda assim, temos nas mãos o poder de o ignorar, nem que seja só por um bocadinho. Ahah!
:)
explicas-te tão bem.
:D
Andamos de férias ou quê? Em representação dos leitores assíduos deste blogue, reclamo, e com razão, novidades fresquinhas da parte das bolachas.
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